Os fiéis, simpatizantes e os templos
das Religiões de Matriz Africana costumam ser lembrados em épocas de eleições
por candidatos a cargos eletivos que visitam os templos e insistindo em se
afirmar simpatizantes, pedem os nossos votos.
Passadas as eleições, qualquer que
seja o resultado, se esquecem daqueles a quem foram solicitar ajuda. Outros, nem
se dão ao trabalho de pedir o nosso voto, muitas vezes, em função das relações
escusas que fazem com as igrejas eletrônicas, estabelecendo acordos que põem em
risco a laicidade do estado brasileiro.
Fomos criados ouvindo a frase cunhada
pelo “senso comum” de que religião e política, não se discute. E, só agora
entendemos que essa afirmativa só servia para nós, todas as outras religiões
discutiram, entraram na política, participam de partidos e compartilham o
poder.
Enquanto para nós resta o preconceito e a discriminação!
Entretanto, encontramo-nos num momento
propício para assumir um novo posicionamento coletivo, enquanto fiéis e
simpatizantes das Religiões de Matriz Africana, qualificando o nosso apoio, condicionando-o
à assunção de compromissos escritos, assinados e registrados em cartório de
títulos e documentos, por todos aqueles que quiserem pedir o nosso apoio
eleitoral.
Assim, com um documento com validade
legal, mas principalmente moral, poderemos, mais tarde, utilizar esse
instrumento para o encaminhamento das nossas demandas e reivindicações.
Temos que ter claro que não podemos
mais deixar que outros decidam politicamente por nós, precisamos ser os autores
e os protagonistas da nossa história, assumindo o papel principal, resgatando o
legado religioso ancestral e o importante papel social desempenhado pelos templos
das Religiões de Matriz Africana, desenvolvendo ações caritativas, sociais,
educacionais e culturais, buscando dar-lhes a devida visibilidade.
Acreditamos que temos muito a ensinar,
desde a igualdade fraterna vivenciada nos templos, onde, para a espiritualidade
somos todos iguais, valendo mais o “SER” do que o “TER”. Dos Guias de Luz
trazemos as lições de humildade e sabedoria dos Pretos e Pretas Velhas, da
força e perseverança dos Caboclos e Caboclas, da ingenuidade e alegria dos
Erês.
Portanto, devemos, com toda a
serenidade, ajudar a construir os caminhos de igualdade, paz e fraternidade
para toda a civilização humana no planeta, pensando e agindo coletivamente, com
a certeza de deixarmos um mundo melhor para as gerações futuras.
Para materializar esse novo posicionamento,
propusemos a assinatura de uma “Carta Compromisso com a Umbanda, Candomblé e
demais Religiões de Matriz Africana” aos políticos com os quais temos maior proximidade,
onde constam reivindicações essenciais para legitimação das Religiões de Matriz
Africana, ajudando a diminuição do preconceito e da discriminação que sofremos
diariamente.
A redação inicial da “Carta
Compromisso” foi feita em conjunto pelo Pai André de Xangô do Terreiro de
Umbanda Tio Antônio, pelo Pai Jorge Kibanazambi
do Ilê Asé Ayra Kiniba, e, logo em seguida discutida com outras
lideranças espiritualistas da Umbanda, do Candomblé e de outras Religiões de
Matriz Africana, dando origem ao texto final da mesma.
Responderam positivamente, dois candidatos,
que demonstraram ter o maior interesse em assumir as demandas e reivindicações
do Povo de Terreiro. São eles, o candidato a Deputado Federal, Denílson Pestana
da Costa que postula o seu primeiro mandato e o Deputado Estadual Péricles de
Holleben Mello (que já é deputado estadual, concorrendo à reeleição).
Assim, tendo ambos os candidatos
concordado com a redação final, realizamos um evento com as principais
lideranças da Umbanda, Candomblé e demais Religiões de Matriz Africana para a
assinatura da “Carta Compromisso”, registrando o compromisso assumido pelos
candidatos.
O evento que chamamos de “Kizomba das
Religiões de Matriz Africana do Estado do Paraná”, foi realizado no dia 26/08,
ás 19:00 horas, no Espaço Cultural do Cazuá do C.H.A, em promoção conjunta da
FUEP – Federação Umbandista do Estado do Paraná e do Fórum Paranaense das
Religiões de Matriz Africana, da qual participaram duzentos Pais, Mães de Santo
e outros dirigentes.
Obviamente, os compromissos assumidos
só poderão ser cumpridos, caso os candidatos que assinaram o documento sejam
eleitos, assim, para cumprir a nossa parte do acordo, precisamos defender o
voto do “Povo de Terreiro” nos candidatos que “ousaram” comprometer-se com as
nossas religiões.
Denilson Pestana – Deputado Federal –
1312
Péricles de Mello – Deputado Estadual
– 13115
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